A maioria da bancada de Mato Grosso na Câmara Federal votou pela manutenção da prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), na sessão deliberativa de sexta-feira (19) à noite.
Foram 364 votos a favor do parecer da relatora pela Comissão de Constituição e Justiça, Magda Mofatto (PL-GO), que recomendou a manutenção da prisão, considerando “gravíssimas” as acusações. Houve 130 votos contra e três abstenções.
Dos oito deputados, três votaram em defesa do parlamentar extremista: os bolsonaristas José Medeiros (Podemos) e Nelson Barbudo (PSL) e Emanuel Neto (PTB), o Emanuelzinho, filho do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).
O coordenador da bancada de Mato Grosso, Leonardo Albuquerque (Solidariedade), o Dr. Leonardo, antes de votação, anunciou que seria a favor da soltura de Daniel Silveira.
No fim, ele votou pela manutenção da prisão do parlamentar. Disse que manteve a posição pessoal contra a prisão em flagrante decretada pelo STF e que seguiu a orientação da cúpula do partido.
Quando anunciou que era a favor de Silveira, Dr. Leonardo foi alvo de criticas nas rede sociais. Muitos eleitores condenaram sua posição em favor do deputado extremista.
Os votos favoráveis de Medeiros e Barbudo já eram esperados. Os dois não escondem que são bolsonaristas e, desde a prisão de Silveira, na terça-feira (16), usaram as redes sociais para "condenar" o Supremo e defender o colega.
O Podemos não chegou a um consenso sobre a votação e liberou a bancada. O PSL, que está dividido desde a saída do presidente Jair Bolsonaro, também liberou sua bancada.
Rosa Neide (PT), Neri Geller (PP), Carlos Bezerra (MDB) e Juarez Costa (MDB) votaram pela manutenção da prisão.
DESGASTE - Antes da votação na Câmara, o deputado Emanuelzinho, em entrevista, antecipou que seria pela soltura do Daniel Silveira.
"Não concordo com o conteúdo das críticas ao STF nem com método que o parlamentar usa para fazer política, mas considero sua prisão com base na Lei de Segurança Nacional uma medida extrema."
"A prisão é a pena máxima na legislação brasileira. Há outras formas de coibir o extremismo político. A própria LSN, criada no regime militar, segundo os doutrinadores do direito, não deveria ser aplicada no ambiente democrático”, completou.
O filho do prefeito de Cuiabá é membro do Conselho de Ética da Câmara e, no PTB, ele é aliado do presidente nacional da legenda, ex-deputado Roberto Jefferson.
O líder petebista ficou nacionalmente conhecido por seu envolvimento no esquema de corrupção denominado Mensalão, do qual participou e foi o primeiro a denunciar, no segundo Governo Lula (PT).
Foi condenado pelo STF pela prática de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foi cassado em 2005 pelo plenário da Câmara dos Deputados.
No auge da discussão sobre a prisão de Daniel Silveira, Jefferson fez um convite público para que Daniel Silveira se filie ao PTB.
Hoje, Roberto Jefferson é um aliado do presidente Boolsonaro e, constantemente, xinga e ameaça ministros do Supremo, além de defender o fechamento da instituição.
Por ordem do STF, suas redes sociais foram bloqueadas.