Diminuto, a dimensão de uma vida
Primeira temporada concluída, websérie tendo à frente Diogo Diógenes projeta a segunda e mira além da net: agora quer chegar também à tevê
MARINALDO CUSTÓDIO
Da Reportagem
A websérie Diminuto, capitaneada pelo produtor audiovisual Diogo Diógenes, 29 anos, e que originalmente tinha como foco a transmissão apenas pela internet, de início brincava com a ideia de condensar um recorte da narrativa da vida de uma pessoa nisto mesmo: 1 minuto! Como se fosse possível! E ainda mais retratando pessoas interessantes, com muitas histórias boas e saborosas para contar, como as que ele e sua trupe desde sempre buscaram. Então, mesmo estendendo esse minuto até 1’59’’, conforme chegaram a fazer nas peças de ensaio, logo viram que Diminuto era só algo diminuto (pequeno) mesmo, mas sua duração tinha de ir um pouco mais além. Hoje, com o que ele chama de “primeira temporada concluída”, num total de quatro micropeças gravadas, fecharam o formato no equivalente ao padrão ideal de uma música para tocar no rádio: de 3 a 3,5 minutos, chegando a 4, no limite.
Ao falar da gênese do programa, Diogo toca na questão dos conceitos que o norteiam: “O programa surge com a ideia que eu já tinha há algum tempo de contar uma história, conhecida ou desconhecida, mas de um jeito diferente. E num formato pequeno. E num formato direcionado para a difusão pela internet”. Ele conta que a ideia era esta mesma que acabou vingando: uma peça curta, com o próprio personagem contando a sua história, sem a interferência de um apresentador, de um entrevistador.
Para tanto, ele (o diretor) procurou montar a sua equipe. Chamou Caio Pimenta para direção de fotografia; Priscila Del Llano, para a produção; seu primo Augusto Krebs, músico, compositor, cantor e poeta, que contribui com as trilhas sonoras para as peças e que, também, empresta seu carinhoso apelido de infância ao programa: entre familiares e amigos mais chegados, ele era chamado, justamente, Diminuto. E, por fim, chegou Emanoele Daiane, a Manu, “uma pessoa que consegue contar histórias com as fotos que tira” segundo Diogo, e, assim, traz um olhar todo especial para as fotografias das peças e de toda a movimentação da trupe.
Como se vê, uma equipe toda constituída de pessoas talhadas para a coisa, gente de sensibilidade, dedicada às artes e às novas mídias, aos meios mais atuais de se comunicar, de interagir no mundo.
Personagens e narrativas
No início, quando estava na fase dos ‘pilotos’, a produção ainda cultivava a ilusão do Diminuto de 1 minuto, para fazer jus integralmente ao nome. Aí, foi quando eles gravaram preferencialmente com gente da Universidade. “Quando eu ainda estava fazendo Biologia na UFMT, achei que devia levar à tela personagens, histórias de professores notáveis, coisas assim. Gravamos, por exemplo, com o professor Vavá [Edward Bertholine de Castro], lá do Departamento de Biologia”, conta Diogo.
Terminada essa espécie de laboratório, é que vêm as entrevistas pra valer, a chamada 1ª temporada, com os quatro episódios que a integram.
Os personagens dessa galeria são, por sinal, bastante representativos de várias facetas da coletividade mato-grossense e cuiabana em particular: Claudinho (violeiro, do trio com Henrique e Pescuma), o ator Ivan Belém, o maestro da Orquestra Sinfônica da UFMT Fabrício Carvalho e, por fim, Seu Pedroso, um alfaiate que aos 100 anos ainda “pega na tesoura e vai cortando o pano”. “Seu Pedroso é aquele personagem quase que completamente desconhecido do grande público, mas com uma história pra lá de notável: aos 100 anos, às 7 da manhã já está de pé, a postos, para cortar ternos. As outras funções ele já delegou a seus ajudantes na alfaiataria, mas o corte dos ternos, não: disso ele não abre mão, absolutamente”, afirma Diogo.
Agora, antes de entrar na produção da 2ª temporada, o condutor do Diminuto e sua turma também planejam dar viabilidade econômica e de logística ao projeto, como é óbvio. Para tanto, estão batalhando patrocínios e outros apoios, espaços para o lançamento das peças produzidas – negociação neste sentido já está em andamento com o Sesc Arsenal.
E, na mesma direção, já consideram a hipótese de veicular as pequenas peças também pela tevê.
Por falar em tevê e música e tal, Diogo aponta desejos dele com relação a futuros personagens para a websérie: o apresentador e multimídia Pescuma e a rapper-cantora Pacha Ana.
Agora, ainda falando em tevê e música e tal, e mídias do mundo contemporâneo, ele lembra outra pérola tirada do “baú de grandes novidades” do Seu Pedroso: questionado por Diogo, ao fim da entrevista, acerca do seu maior desejo, seu plano mais querido na atualidade, o velho alfaiate não titubeou: “Olha, eu vou te dizer uma coisa: a alfaiataria me deu tudo que tenho nesta vida. Com ela, criei e eduquei meus filhos, ajudei a todos que quis e pude ajudar, mas, para o futuro, não penso mais nisso não! Você quer saber, mesmo, o que eu quero hoje em dia? Eu quero é aprender a mexer, e bem, com essa tal de internet!”.
Lerdo o Seu Pedroso, não? Ou melhor, nerd o Seu Pedroso, não?
Mas enfim, com net e tevê e todas as mídias de hoje e as do futuro, que bons ventos levem a trupe e o seu filhote Diminuto. Desde o nascimento, ainda no berço, todo mundo já comentava, à boca pequena, que o destino dele era mesmo crescer e crescer e crescer a ponto de ocupar o espaço de uma vida inteira.
Ocupar e registrar o espaço de uma vida, eis o seu destino.
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