Construção de Brasília mostrou desejo de desenvolver a região
Da Reportagem
Cuiabá, 8 de abril de 1975 – A implantação da Capital Federal no Centro Oeste brasileiro, em 1960, foi um sinal claro, para aqueles que estavam só à espera de uma oportunidade, de que o Governo Federal queria mesmo desenvolver a região da noroeste do Brasil. De fato, a década de 60 marcou o início da expansão do capitalismo na Amazônia, que vem a desencadear um rápido processo de transformação espacial. E Cuiabá, por ser a capital do Estado e principal centro urbano da região, está a sofrer o maior impacto dessas transformações.
Na política de ocupação e valorização da Amazônia implementada pelo governo militar, com o propósito de “promover a integração nacional”, Cuiabá tem sido um ponto de apoio, um posto avançado da nova expansão agrícola. A cidade está, por assim dizer, na vanguarda da ocupação. Daí o fato de estar sendo chamada de “Portal da Amazônia”.
Até agora, diversos mecanismos econômicos, políticos e ideológicos foram acionados com a finalidade de garantir a expansão do capital e de assegurar a sua necessária reprodução. Primeiro vieram as estradas. São, até agora, nada menos que seis rodovias federais — as BR-070, BR-163, BR-262, BR-364, BR-376 e BR-463 —, para as quais convergem toda a rede estadual e que interligam Mato Grosso a todas demais unidades da Federação. Paralelo a isso, têm sido criados diversos projetos e programas federais de desenvolvimento regional.
Em 66, foi criada a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e reestruturado o Banco de Crédito da Amazônia, sob controle do governo federal, cuja idéia básica é a de que a superação das desigualdades econômicas e sociais entre as regiões brasileiras é essencial para o desenvolvimento e a modernização do país. Em 67, foi criado a Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste e, na sua esteira, foram criados, em 1971, programas tais como o de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria (Proterra) e o Programa de Desenvolvimento do Centro Oeste (Prodoeste).
E só no ano passado, já foram criados os programas: de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (Polamazônia), de Desenvolvimento dos Cerrados (Polocentro) e o de Desenvolvimento do Pantanal (Prodepan). Só o Polocentro prevê, para os próximos dois anos, investimentos da ordem de 10 bilhões de cruzeiros para o incentivo à exploração agrícola nas áreas de cerrado. E Cuiabá no meio de tudo isso.
Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Prefeitura de Cuiabá (IPDU); Arquivo do Diário de Cuiabá; “Um Histórico dos Usos da Biodiversidade em Mato Grosso”, de Lylia Guedes Galetti e Maria Inês Malta Castro. Especialista consultado: José Antônio Lemos – Secretário Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano
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