Perdas com greve chegam a 20%
MARCONDES MACIEL
Da Reportagem
A greve dos bancários, que entra hoje no seu 10º dia, pode ter gerado perdas de até 20% em praticamente todos os segmentos do comércio, na Grande Cuiabá. O interior do Estado também está sendo atingido pelo movimento e os empresários já reclamam do aumento da inadimplência dos consumidores por conta da paralisação das agências.
Segundo os lojistas, muitos clientes deixaram de quitar seus pagamentos e estão com as prestações atrasadas. Os crediários registram queda de faturamento e as compras à vista, em espécie, também estão prejudicadas.
O presidente do Sindicato do Comércio de Tecidos, Confecções e Armarinhos da Grande Cuiabá, Roberto Peron, diz que a greve pode comprometer a meta de crescimento das vendas para o Dia da Criança, comemorado na próxima terça-feira, dia 12. “A nossa previsão inicial era de incremento de 8%, mas com a greve esta projeção poderá não se confirmar”, disse ele.
Segundo Peron, muita gente está querendo sacar dinheiro nas agências e não está conseguindo. “Para muitos, os limites de saques nos caixas eletrônicos já estão ultrapassados e, com isso, perdemos vendas e o consumidor ainda atrasa o pagamento das compras feitas via crediário”.
Ele diz que os prejuízos para o comércio “são incalculáveis” principalmente em relação aos recebíveis. “As empresas que depositaram cheques de clientes estão tendo problemas com documentos devolvidos, uma vez que estão impossibilitadas de resgatar o cheque. As operações de saque também estão prejudicadas por causa dos limites de saques diários e também para depósitos em cheque, que não podem passar de R$ 10 mil”.
Hermes Martins, vice-presidente da Federação do Comércio, Bens e Serviços de Mato Grosso (Fecomércio), diz que a paralisação dos bancários afeta não apenas o comércio e os prestadores de serviços, mas toda a população.
“A greve gera perda de vendas que não podemos recuperar no dia seguinte”, afirma Martins. O fator que está minimizando os efeitos da paralisação, segundo ele, é a possibilidade de pagamento de boletos nas lotéricas, correios, via internet e cooperativas de crédito.
O vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL) e presidente da Câmara Tributária da Federação do Comércio, Bens e Serviços do Estado (Fecomércio), Paulo Gasparoto, diz que o sistema financeiro é o maior prestador de serviços às empresas e ao consumidor. “O impacto da greve dos bancários nos últimos dias já repercutiu porque muitos pagamentos não estão sendo efetuados devido à impossibilidade de saque para muitos consumidores”.
Segundo ele, o comércio do centro está sendo muito prejudicado, pois grande parte das lojas depende do sistema bancário. “Com a greve, temos uma menor circulação de pessoas nas ruas e o movimento consequentemente acaba caindo”. Gasparoto conta que muitos consumidores que dependem dos bancos para fazer algum tipo de saque extra no caixa eletrônico acabam ficando sem comprar.
PERFIL - De acordo com levantamento, entre 20% e 25% dos consumidores da Grande Cuiabá efetuam pagamento em dinheiro. “São pessoas que não possuem cartão ou conta bancária e tem de usar a moeda para fazer suas transações”, lembra o vice-presidente da CDL.
Na avaliação de Gasparoto, a greve dos bancários acaba afugentando os consumidores das lojas. “Sem dinheiro esses consumidores praticamente não saem às ruas, daí o pequeno movimento que estamos verificando nas lojas. Todo o segmento de varejo está prejudicado, desde calçados, vestuário e confecções, até eletrodomésticos”, observa.
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