Menino pobre do bairro Baú, Boloflor morre como indigente
Da Reportagem
Registros falados sobre os primeiros anos de vida do andarilho poeta apontam para um menino pobre, que morava como agregado de uma família no bairro do Baú. Ainda jovem, era vendedor autônomo da tradicional feira de Cuiabá – segundo relatos dos entrevistados na pesquisa – vendia raízes, flores e até imagens sacras. O passar dos anos fez o vendedor se tornar uma espécie de patrimônio de Cuiabá, muito conhecido por todos pela constância em que era visto nas ruas do Centro, pedindo um “dinheirinho para o pão”, ou comandando o trânsito nas proximidades da rua Barão de Melgaço.
Sílvia destacou que em todas as entrevistas que realizou conseguiu perceber que havia pessoas que adoravam o andarilho, mas também, aquelas que o odiavam, justamente pelos mistérios que rondavam sua vida. Zé Boloflor não tinha história real conhecida, mas sim, as estórias que o povo dedicava a ele. Um exemplo seria a composição de dezenas de músicas atribuídas a ele. Somente duas ou três tem registros oficiais de terem sido escritas pelo andarilho.
Foi a idéia de que Boloflor era um poeta que gerou um dos pontos mais fortes do mito: o que existia dentro do saco que o andarilho carregava nas costas. Para quem viveu na mesma época que ele em Cuiabá sem ter muito contato, Boloflor carregava as poesias e músicas que escrevia ali dentro do saco, que desapareceu quando internado no Hospital Adauto Botelho, na década de 70. Morreu logo depois como indigente. (AC)
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