
O atraso no plantio e na colheita da soja impactara sobre o milho safrinha, em Mato Grosso, com o ponta pé inicial retraído na semeadura do cereal.
Há um ano, por exemplo, todas as regiões produtoras do Estado já haviam plantado a safrinha.
O primeiro levantamento feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) de acompanhamento da semeadura, realizado entre os dias 15 a 21 deste mês, mostrou que apenas 1,01% da área estimada estava cultivada, número 8,81 pontos percentuais (p.p.) atrás da safra 2019/20 e 8,58 p.p. da média dos últimos cinco anos. Para este ciclo, conforme o Imea é esperado a cobertura de 5,69 milhões de hectares (ha), o que se confirmado, será 5,03% superior à safra passada.
Por regiões, cabe destacar a Sudeste como a mais avançada, com 1,67% da área total já semeada e a região Centro-Sul que ganha destaque como a mais atrasada, com somente 0,07% das áreas previstas.
“Esse atraso inicial pode deixar o produtor preocupado quanto à produtividade, já que o grão pode perde sua janela considerada ideal e pode vir a chegar no período de enchimento de grão com pouca disponibilidade de água no solo. Entretanto ainda é muito cedo para fazer afirmações quanto a isso, tendo em vista que a semeadura pode avançar a passos largos se adequando à janela”, explicam os analistas.
O período ideal para o plantio de milho, a chamada janela de plantio, se encerra no final de fevereiro. Para a semeadura deslanchar é preciso que a colheita da soja ganhe ritmo e não sofre mais nenhum atraso. Em Mato Grosso, a área deixada pela soja é coberta pelo milho, por isso há essa relação direta entre a oleaginosa e o cereal.
Além do atraso e das incertezas e relação ao desempenho das lavouras de milho, o produtor acompanha a elevação sobre os custos.
“Neste mês o Imea divulgou a última estimativa dos custos de produção para o milho de alta tecnologia da safra 2020/21 para Mato Grosso. Conforme o relatório de dezembro de 2020, o custo operacional efetivo e o custo total apresentaram leves reajustes de 0,03% e 0,22% em relação ao mês anterior, fechando em R$ 2.636,69/ha e R$ 3.422,44/ha, respectivamente. Entretanto, vale ressaltar que no comparativo entre as safras 2020/21 e 2019/20, os custeios tiveram um expressivo aumento, justificado pela elevação de 30,62% na cotação da moeda norte-americana”, explicam os analistas.
Os custos com defensivos tiveram uma alta de 23,39%, com destaques principalmente nos fungicidas (+26,04%), inseticidas (+23,48%) e herbicidas (+22,06%). Essa majoração por sua vez impacta diretamente sobre o ponto de equilíbrio da safra 2020/21, “agora estimado em R$ 21,22/sc, enquanto na safra 2019/20 este valor era 3,67% menor, calculado em R$ 20,47/sc”.
O ponto de equilíbrio é uma referencial ao produtor. Considerando o custo de produção ele sabe que há um valor mínimo para ele vender a saca e obter margem ou apenas equiparar despesa e receita. Nessa caso, quando for negociar a saca ele não pode estar abaixo de R$ 21,22.